domingo, 12 de dezembro de 2010

Aperta, aperta com ela!


Alguém gritou…
Aperta, aperta com ela!
Quem? Mas quem é ela?

A expressão é conhecida, mas da música pimba do Emanuel.
Se fosse acompanhado pela Maria teria percebido naquele instante, mas não era o caso.
Não havia muitas pessoas por perto, talvez umas três, uma que se cruzava comigo enquanto caminhava, outra sentada num vão de escada e a que ia à minha frente sabia que não tinha dito nada.
Mas a dúvida permanecia em mim…
Aperta! Aperta com ela!?
Caminhava e meditava…
Bom, parecia-me um desabafo, "ela"… podia ser a malfadada crise, mas neste caso é ela que aperta connosco e não nós com ela.
Ou então, poderia ser era o chavão muito utilizado até pelos nossos políticos, o célebre “temos que apertar o cinto” passando a fivela a tomar o lugar do "ela", pois é com ela que nós vamos apertando o cinto á medida que a crise insiste em permanecer por cá.
Assim como podia ser a taxa de desemprego que insiste em aumentar, que vai apertando a vida das famílias e as suas despesas.
 Muito embora me tenha apercebido que a azáfama das compras natalícias tenha diminuído, a loucura do consumismo desenfreado existe, mas não é para todos.
Num rápido meia volta volver, regressei ao local, com o claro intuito de ver esclarecida a questão.
Qual não é o meu espanto que encontrara a pessoa sentada no vão da escada.
Estava esclarecido… e só com um olhar… ainda que mesmo assim, um bocado de papelão à sua frente o reforçasse…
Era ela… a Fome!
A Fome que aperta!
Apertava com a Fome enquanto ninguém o ajudasse a matá-la!
E ainda hoje ouvi o Presidente da Republica dizer que nos devíamos sentir envergonhados por existirem em Portugal pessoas com fome.
Mas não, vergonha não foi o que eu senti naquele momento, o meu sentimento foi de revolta por não poder ajudar mais…
Vergonha? Que a tenha quem pode ajudar e não ajuda!